quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Mandioca desfalca o Auto por tempo indeterminado

A Plebe - 16/12/2008

17h15

O lateral-direito do Autônomos FC Mandioca acabou de sair do Hospital Nove de Julho, na zona central da cidade, engessado. Sentindo dores no tornozelo direito desde o jogo de sábado contra o Vila Paulina, Mandioca resolveu procurar o médico e teve suas suspeitas confirmadas: sofreu possível ruptura do ligamento posterior e fratura sub-condral. 

A imobilização do lateral, que será reavaliado segunda-feira, tira ele do último jogo do ano, contra o Rubro-Negro de Santana, domingo. Mas Mandioca prometeu estar presente pra apoiar a equipe.

- Estarei lá. O jogo vale taça e se a perna não está boa, usarei a garganta pra empurrar a equipe à vitória.

Sobre a sua volta aos gramados, em 2009, o departamento médico do Auto prefere não fazer previsão, uma vez que tudo dependerá da recuperação durante as férias. Mas Mandioca se mostrou animado:

- Pode colocar aí: dia 17 de janeiro eu já estou jogando de novo.

Resultados de sábado

Auto,

sábado o Auto B foi derrotado pelo Vila Paulina B por 4 a 0 com um time bastante desorganizado e com várias figuras novas e/ou lendárias.

A escalação foi Daniel; Élcio, Xoxô, Piva e Alemão; Sema (pai do Clasher), Jay, Yuri (Dom) e Jamaica; Pinho (amigo do Lipe) e Clasher. O jogo acabou em confusão entre o Clasher e o Fernando do Vila depois de outra confusão entre o pai do Clasher e outro jogador do Vila.

No jogo seguinte, o Auto A MASSACROU o Vila Paulina A no primeiro tempo, sem deixar o time da casa jogar, e foi pro intervalo vencendo por 2 a 1 e tendo ainda um gol anulado bisonhamente por impedimento em bola rolada PRA TRÁS.

No segundo, a intenção da arbitragem ficou clara quando o Vila passou a dar chutões pra frente na certeza de que toda disputa pelo alto na entrada da área do Auto seria marcada como falta para o Vila. E assim o Vila virou pra 4 a 2 sob muitos protestos e nervosismo do Auto, que parou de jogar em parte pelo desânimo de enfrentar o juiz sabendo que se vai perder e em parte por descontrole.

O jogo terminou 6 a 3 e com a promessa do Auto de não mais jogar com o Vila com o juiz sendo deles, já que não foi a primeira vez que isso aconteceu.

O clima pouco ameno acabou minando a presença de jogadores rubro-negros no churrasco promovido pelo time alviverde após a partida.

Jogaram pelo Auto A: Lipe; Mandioca, Jão, Xoxô (Jay) e Dom (Alemão); Zau, Jamaica (Sema), Gabriel e Bruno; Valdirvia e Ribas (amigo do Lipe).

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Do ato

Treze.

O número de pessoas que compareceu ao ato de domingo contra a morte do torcedor são-paulino pela polícia em Brasília.

Menos do que os que estavam na fila para o Museu do Futebol, no último dia da exposição sobre as “marcas do Rei”.

Menos do que o número de blogs que retransmitiram o chamado pra ação, que até notícia na Folha Online virou.

Menos até do que o próprio número de jogadores do Autônomos FC que compareceu ao habitual jogo do time aos sábados.

Desanimador, um fracasso, prova de que o futebol não tem a ver com política, diriam alguns.

Não para nós. 

Poucos, mas loucos.

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Que armaram a quadra, esperando a polícia aparecer para o jogo.

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Que distribuíram panfletos sobre o que se passava para os que apareceram pra conferir aquela agitação estranha.

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Que decretaram o W.O. da polícia depois de esperar mais de uma hora.

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E que disputaram uma partida ali mesmo, todos contra todos, sem muitas regras, como é o futebol de rua.

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Três corinthianos, três andreenses, dois juventinos, um santista, um flamenguista, dois portugueses e um torcedor do Ferroviário-CE, membro daResistência Coral.

Escalados como um time, um único time, autônomo e reivindicativo de uma liberdade cada vez mais tomada.

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Pouca gente? Um retrato do Brasil? Fosse a Argentina estariam milhares dehinchas pelas ruas?

Talvez.

Mas, se não se pode superestimar o que foi na verdade uma confraternização de amigos, também não se pode tirar mérito desses treze primeiros que saíram de suas casas em um domingo frio e com cara de chuva pra firmar presença em algo que julgam essencial para o futebol  e a sociedade.

Porque não se pode tirar leite de pedra, também.

Esperar milhares com 3 dias de agitação apenas e após o término das atividades futebolísticas oficiais seria um deslumbre.

Desvalorizar os treze que compareceram, um desdém.

O que podemos, e devemos, é tomar na medida certa este 14/12, como um ponto de partida para construir algo maior.

Porque já se disse que não começou em Seattle.

E não vai terminar em Atenas.

Política não tem nada a ver com o futebol?

Há controvérsias:

Torcida do Bayern München no jogo contra o Lyon pela UEFA Champions League em 10 de dezembro último

Torcida do Bayern München no jogo contra o Lyon pela UEFA Champions League em 10 de dezembro último

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Ato contra a morte de Nilton César de Jesus

(peço a todos que divulguem massivamente este chamado)

Domingo último, dia 07/12, deveria ter sido um dia de festa: um clube brasileiro pela primeira vez se tornava tricampeão nacional de forma consecutiva.

Mas o que deveria ser amplamente comemorado como o sucesso de uma nova fórmula de campeonato no Brasil acabou se transformando na repetição de algo que o país se "acostumou" a assistir desde há muito, algo que rememora os anos de chumbo da ditadura: o assassinato de um torcedor já rendido por um policial que, ao tentar abusar do poder pela sociedade nele investido com uma coronhada absolutamente desnecessária, atirou contra a cabeça da vítima.

O caso, como tantos outros, foi notícia por todos o país. Serviu, como sempre, pra chocar de uma forma paralisante. Quatro dias depois, Nilton César de Jesus, 26 anos, o torcedor baleado, faleceu no hospital no Distrito Federal, enquanto José Luiz Carvalho Barreto, o policial autor do disparo, recebeu o bônus do habeas corpus ao ser enquadrado por "lesão corporal grave".

Qualquer um que viu o vídeo do tiro pode perceber que a imprudência do policial claramente qualificaria seu ato como "homicídio culposo", ato sem a intenção de matar, mas que acabou matando. Mas a força política da corporação policial é grande, e o assassino está - e muito provavelmente continuará por longo tempo - solto.

O caso, infelizmente, não é único. No mesmo dia, outro torcedor foi morto a tiros na zona leste de São Paulo durante as comemorações do título. E tantos outros já morreram em tantos jogos pela história de nosso futebol.

A violência, entretanto, não é exclusiva do esporte, está em todo lado. Violência que começa quando a relação social mais comum entre duas pessoas é a de comando, de hierarquia, de força, algo que se transforma em risco de morte quando entram em ação armas de fogo.

No futebol, onde a aglomeração de pessoas por partida é enorme, tal violência se instaura com ainda mais facilidade quando se assiste uma elitização e uma militarização crescentes de tudo que envolve o jogo: torcida impedida de levar faixas, preços de alimentos e horários de jogos absurdos, polícia que humilha e trata o torcedor enquanto bandido. E que entra em campo e leva jogador preso, como se viu no Recife por mais de uma vez em 2008, e que atira em torcedor desarmado e já rendido, como Nilton. Isso sem falar que o comandante da arbitragem paulista é um coronel da polícia.

Na Itália, a morte do torcedor da Lazio Gabrielle Sandri, em episódio bastante parecido com este de Brasília, causou revolta nos torcedores de todas as equipes do calcio, inclusive da rival Roma. Jogos foram paralisados e adiados ante a ameaça de invasão do gramado por parte das torcidas, em ação de protesto pelo assassinato sem sentido. O caso levou tanto o poder público quanto a federação de futebol de lá a ao menos parar para repensar as relações de força.

Aqui, no país pentacampeão do mundo, já tivemos, enquanto torcedores, inúmeras possibilidades de agir da mesma forma, e as desperdiçamos. Pensando nisso é que o Autônomos FC, equipe amadora de futebol de várzea, convoca os torcedores de todas as equipes a comparecerem com suas respectivas camisas a um ato em repúdio à violência policial e à militarização do futebol, domingo, 14/12, com concentração saindo da frente do cemitério das Clínicas e partindo para a Praça Charles Miller, onde acontecerá uma partida de futebol espontânea e livre em protesto à tentativa de controle de nossos corpos e mentes nos estádios do país e em memória de Nilton e de todos os torcedores mortos de maneira estúpida pela corporação policial.

Futebol é um lugar de festa. E festa não combina com botas, fuzis e capacetes, nem com proibições arbitrárias como as que perpetram nos estádios paulistas. Vamos mostrar que para além de apaixonados por esta ou aquela equipe, os mesmos que sustentam todo o mercado do negócio futebol, somos torcedores, classe única, que não aceita a morte de um companheiro de boca fechada e braços cruzados.

Em nome de todos os torcedores que querem um futebol mais democrático,

Autônomos FC
http://autonomosfc.blogspot.com