quarta-feira, 11 de junho de 2008

Un sentimiento




Un sentimiento - Hinchada Antifascista de la Universidad de Chile
http://www.unsentimiento.cl/index.php

Pelo que vi no site eles estão se mobilizando para que o time não vire uma empresa... Interessante é que eles ironizam o Colo-Colo chamando-o de "Blanco y Negro S.A."




Nem guerra entre torcidas, nem paz entre as classes

Inspiração que vem de Fortaleza.
Inferno Coral, torcida do Ferroviário.
http://br.geocities.com/resistenciacoral/

quarta-feira, 4 de junho de 2008

1968, também se jogava futebol

TOSTÃO

1968 foi ano de Olimpíada, de grandes acontecimentos políticos, culturais e sociais, e também se jogava futebol
NO BRASIL e em todo o mundo, tem acontecido grande número de palestras e publicações sobre 1968, ano importante de fatos políticos, sociais e de excepcionais realizações culturais.
Foi o ano da peça "Roda Viva", do "Álbum Branco" dos Beatles, do assassinato de Martin Luther King, de grandes protestos pelo mundo, do famigerado AI-5, da invasão da Tchecoslováquia, dos Jogos Olímpicos do México e tantos outros.Não pensem que tenho uma ótima memória. Escrevi isso com a ajuda do Google. Será que o Google não tira férias?

Dizem que a internet vai acabar com a memória. Não acredito. O Google não tem nada a ver com a nossa memória afetiva. "O que a memória amou, ficou eterno." (Adélia Prado)Em 1968, também se jogava futebol. O Cruzeiro foi tetracampeão mineiro, diziam que Pelé estava decadente, e a seleção, sem Pelé, fez uma longa excursão por vários continentes.

Nos anos após o fracasso na Copa de 1966, a crônica esportiva brasileira exaltava a força física, a disciplina tática e a correria dos europeus. Nelson Rodrigues chamava os comentaristas de "entendidos" e de "idiotas da objetividade".Na longa excursão do Brasil em 1968, já existia grande interesse da ditadura no sucesso da seleção. Houve grandes mordomias, como ocorre hoje. Um avião fretado, cheio de convidados da CBD, ficava à disposição do time brasileiro.

Na primeira partida, contra a Alemanha, levamos um baile.Aí, eu, Gerson e Rivellino, por nossa conta, formamos um trio de canhotos no meio-campo. Eu jogava pela direita, Gerson, pelo meio, e Rivellino, pela esquerda. Gerson era o técnico.

Ganhamos a maioria das partidas. O treinador Aimoré Moreira foi bastante elogiado.Jogamos contra Portugal em Lourenço Marques, capital de Moçambique, que era colônia portuguesa. Uma multidão de africanos gritava o nome de Pelé. Será que sabiam da ausência do Rei? Para a minha surpresa, o novo estádio ficou vazio, quase só com portugueses. Enquanto isso, os africanos continuavam gritando o nome de Pelé fora do estádio. O ingresso era muito caro.

Nunca mais conversei com o zagueiro Marinho. Falávamos muito de futebol, ditadura e outras coisas, para estranheza dos outros. Não havia nenhuma proibição oficial de falar da ditadura, como não houve na Copa de 1970, porém existia um silêncio, uma mistura de alienação e de medo.

Em 1969, nas eliminatórias para a Copa do Mundo de 1970, a seleção brasileira recuperou o prestígio com o torcedor. Desconfiava que Saldanha não ficaria muito tempo. Um visionário, humanista, político militante da esquerda e que falava o que pensava, não daria certo em um ambiente militar. A comissão técnica e o governo queriam a saída do técnico, e ele, incomodado, parecia não querer continuar.Por curiosidade, gostaria de voltar a 1968 e aos anos próximos dessa data. Com a visão que tenho hoje da vida e do mundo, certamente enxergaria alguns fatos de outra forma e faria algumas coisas diferentes. São 40 anos. O mundo é outro. Já as minhas grandes dúvidas continuam as mesmas.

Futebol para os Jogadores

Na Paris insurgente de maio de 68, quando milhões de trabalhadores entraram em greve, os estudantes ocuparam as universidades, o presidente fugiu do país e a França parecia à beira da revolução, os futebolistas não ficaram de fora. Futebolistas ocuparam o quartel-general da Federação de Futebol Francesa e lançaram um comunicado:
"Nós, os jogadores de futebol, pertencentes a vários clubes na região de Paris, decidimos hoje ocupar a sede da Federação Francesa de Futebol. Assim como os trabalhadores, que estão ocupando as fábricas, e os estudantes, que estão ocupando suas faculdades. Porque?
PARA DEVOLVER AOS 600.000 JOGADORES DE FUTEBOL FRANCESES E SEUS MILHARES DE AMIGOS O QUE LHES PERTENCE: O FUTEBOL, QUE FOI ROUBADO DELES PELOS CHEFES DA FEDERAÇÃO PARA SERVIR AOS SEUS INTERESSES EGOÍSTAS DE ENRIQUECIMENTO.
Pelos termos do artigo 1 do Estatuto da Federação (de acordo com a lei, uma associação sem fins lucrativos), os chefes da Federação dedicam-se ao “desenvolvimento do futebol”. Nós os acusamos de trabalharem contra o futebol e de terem acelerado o seu declínio ao submetê-lo à tutela de um governo que é por sua própria natureza hostil ao esporte popular.
1º ) ELES ACEITARAM UMA LIMITAÇÃO DE OITO MESES PARA A TEMPORADA DE FUTEBOL e o proibiram durante a melhor época do ano, e fizeram vista grossa ao fechamento de campos de futebol, à recusa de viagens coletivas, e à recusa de garantias de seguro contra acidente durante o período “proibido”.
2º ) ELES NÃO FIZERAM NADA PARA EVITAR O FECHAMENTO DE VÁRIOS CAMPOS DE FUTEBOL nem tentaram criar novos. O que torna a prática do futebol impossível para centenas de milhares de jovens. Nem fizeram nada para permitir que crianças pudessem jogar futebol em quadras.
3º ) ELES PRETENDEM CRIAR A LICENSA B, que, por praticamente proibir transferências (exceto quando são do interesse dos grandes clubes), constituem uma afronta intolerável à liberdade dos jogadores e aos interesses dos clubes pequenos.
4º ) ATRAVÉS DA VOZ DE DUGAUGUEZ, ELES INSULTARAM TODOS OS JOGADORES FRANCESES a respeito de suas habilidades físicas, técnicas e mentais.
5º ) ELES ZOMBAM DA DIGNIDADE HUMANA DOS MELHORES JOGADORES ENTRE NÓS, os profissionais, ao manter o contrato escravizante denunciado por Kopa, cuja ilegalidade foi reconhecida há um ano atrás por Sadoul, presidente do Conselho de Diretores.
6º ) ELES DESPUDORADAMENTE CONCENTRAM NAS MÃOS DE UMA INSIGNIFICANTE MINORIA OS LUCROS SUBSTANCIAIS que nós lhes damos através de nossas inscrições, e através dos ingressos dos quais eles retiram percentagens antecipadamente, isto quanto não levam tudo. Chiarisoli, presidente da Federação e Sadoul, presidente do Conselho, lavam dinheiro ilegal através de contas que escapam ao controle dos jogadores. Bolougne, o chefe da máfia dos treinadores, reserva os empregos mais lucrativos para seus amigos (um milhão de francos ou mais por mês). Dugauguez está contratado como gerente da Seleção Francesa em regime de dedicação exclusiva (600.000 francos por mês), e mesmo assim manteve seus empregos como gerente de negócios do Sedan Draperies e treinador do Sedan. E para fechar o assunto há o Pierre Delaunay, que deve seu cargo de Secretário Geral da Federação à herança (como um Luizinho XVI), porque ele foi nomeado pelo seu pai, titular prévio do cargo!
É para colocar um fim a essas práticas inacreditáveis que nós estamos ocupando a propriedade dos 600.000 jogadores franceses, que se tornou o bastião dos inimigos e exploradores do futebol.
Agora depende de vocês: jogadores, treinadores, gerentes de clubes pequenos, incontáveis amigos e fãs do futebol, estudantes e trabalhadores – para preservar a qualidade do seu esporte, juntem-se a nós para: EXIGIR O FIM da limitação arbitrária da temporada futebolística; da licensa B e do contrato escravizante dos jogadores profissionais.
EXIJA A DEMISSÃO IMEDIATA (por meio de um referendo dos 600.000 jogadores, controlado pelos mesmos) dos exploradores do futebol e dos inimigos do jogadores.
LIBERTE O FUTEBOL DA TUTELA DO DINHEIRO DOS PATÉTICOS CHEFETES que estão na raiz da decadência do futebol. E exija do Estado os subsídios que este garante a todos os outros esportes, e os quais os chefes da Federação jamais exigiram.
Para que o futebol permaneça seu, nós lhes convocamos para que VENHAM SEM DEMORA à sede da Federação que novamente se tornou SUA CASA, na Avenida d'Iena, 60, Paris.
Unidos, nós faremos que o futebol novamente seja o que jamais deveria ter deixado de ser: o esporte da alegria, o esporte do mundo de amanhã que todos os trabalhadores já começaram a construir. TODOS À AVENIDA D'IENA, 60!"
- Comitê de Ação dos Jogadores de Futebol
De: Enragés e Situacionistas no Movimento de Ocupação, Maio de '68, por René Viénet (Autonomedia/Rebel Press, 1992)